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28 de ago. de 2013

Luiz Rigoni - O violinista do turfe





Luiz Rigoni se tornou lenda no turfe brasileiro e o Hipódromo da Gávea foi o palco de suas grandes exibições. Apelidado de Homem do Violino pelo cronista e compositor Luiz Reis, pela forma como passava o chicote entre as orelhas dos animais, Luiz Rigoni marcou época. Admirado e respeitado pelos concorrentes, numa época em que grandes jóqueis, brasileiros e chilenos davam verdadeiras "aulas" nas pistas, ele brilhou como ninguém.
 Paranaense, Luiz Rigoni começou sua carreira em Curitiba, mas aos 17 anos mudou-se para o Rio de Janeiro e o Hipódromo da Gávea teve o privilégio de ver nascer uma lenda em suas raias. Sua estréia na Gávea não poderia ter sido mais desanimadora. No primeiro páreo da corrida do dia 3 de junho de 1944, o piloto paranaense chegou na última colocação, entre seis competidores, montando a égua Juruaia. Mas a decepção daquele jovem e promissor piloto não duraria mais que 24 horas. No dia seguinte à estréia ruim, exatamente no segundo páreo do dia 4 de junho de 1944, Rigoni conseguiria a primeira vitória, no dorso do cavalo Que Lindo. Desde a primeira vitória, Rigoni conquistou uma legião de fãs, que aos brados de “Dá-lhe Rigoni! Dá-lhe Rigoni” viram o freio abrir espaço no meio de feras como Juan Marchant, Francisco “Pancho” Irigoyen, Osvaldo Ulloa, "El Negro” Diaz e Pierre Vaz, entre outros.


Com mais de 1800 vitórias em seu curriculum, somente na Gávea foram 1367, chamado de o Homem do Violino pelo seu modo de passar o chicote por entre as orelhas do cavalo e tido por muitos como o maior jóquei de todos os tempos, Rigoni venceu sete estatísticas no Rio de Janeiro e montou também em Cidade Jardim, onde inclusive em todo o seu período final como piloto era o oficial das cores preto e verde em listras verticais do Stud Seabra.


Rigoni venceu o GP Brasil em três oportunidades: El Aragones (Ramazon e Ei-Chu, por Sparus), em 1954, Viziane (Coaraze e Passion, por My Love), em 1970, e com o argentino Terminal (Maniatico e Porta de Randall, por Avro), em 1971. O GP São Paulo, foi conquistado duas vezes pelo “Homem do Violino”, em 1948, com a fantástica Garbosa Bruleur (Tintoreto e Lolita, por Ksar), derrotando o até então invicto Helíaco, e no ano seguinte, no dorso do irlandês Saravan (Legend Of France e May Wong, por Rustom Pasha), de propriedade da família Peixoto de Castro.


Um mito, Rigoni participou de filmes e, muito recentemente, pode ser visto na reprise da novela Roque Santeiro, no Canal Viva (36 da NET e 37 nas outras operadoras) envergando a farda do Haras Santa Maria de Araras convidado que foi pelo personagem de Lima Duarte (Sinhozinho Malta) para montar um cavalo de sua propriedade num desafio dos sexos, contra uma égua da personagem de Regina Duarte (a Viúva Porcina). E tem um curta em sua homenagem: "Dá-lhe Rigoni".


Luiz Rigoni foi um dos personagens que ajudou a construir a história do turfe com seu talento único para montar um puro sangue inglês. O Homem do Violino faleceu em 3 de agosto de 2006, aos 80 anos, na capital paulista, vítima de uma pneumonia.


Uma passagem curiosa do Luiz Rigoni, que reflete bem o clima do turfe de antigamente, é que certa vez, ele juntamente com dois amigos, Os cronistas Wilson Nascimento e Daniel Kranzfeld, numa tarde de domingo, em que eles estavam apertados de grana, pediram ao famoso jóquei que marcasse uma acumulada para saldar as contas do final de mês. O primeiro cavalo da acumulada, montado por Rigoni, ganhou com rateio acima de seis por um. O segundo, também sob sua direção, pagou três por um. Só faltava o terceiro cavalo para fechar o jogo. Era um castanho de 500 quilos montado pelo jóquei chileno Oswaldo Ulloa. Um grande favorito, que dobrava o capital. Na reta final, os dois cronistas já saboreavam a vitória do cavalo de Ulloa, que trazia três corpos de vantagem. Foi quando apareceu por fora um tordilho meio desajeitado, pule acima de 100 por um, conduzido por Rigoni. Os fãs do jóquei brasileiro começaram a gritar: “Dá-lhe Rigoni! Dá-lhe Rigoni! O jóquei se empolgou e esqueceu completamente da acumulada dos amigos cronistas. Em cima do espelho o azarão de Rigoni alcançou o favorito, Resultado: Um demorado fotochart que acusou a vitória do Rigoni por diferença mínima levou ao delírio os seus fãs e ainda teve tempo para guardar o chicote embaixo do braço. Wilson olhou para Kranzfeld desconsolado. Daniel, espirituoso, ainda brincou com o companheiro. “Agora, o Rigoni ficou na obrigação de pagar a nossa condução de volta para a Zona Norte”, falou, enquanto as lágrimas rolavam no rosto do Mosquito Elétrico, famoso apelido de Wilson Nascimento. Perplexos, os amigos foram falar com o Rigoni para tentar saber o que aconteceu, e o Homem do Violino, disse-lhes simplesmente que era impossível resistir àqueles gritos de “Dá lhe Rigoni”, e que dinheiro do mundo nenhum paga a sensação de ganhar um páreo naquelas condições.
 
Esse é o verdadeiro Mundo do Turfe!

Um comentário:

Anônimo disse...

Tá meio tarde pra comentar mas vi Luiz Rigoni correr. Cada corrida dele era uma aula e suas vitórias sensações únicas

 

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